MODIFICAÇÃO DE GUARDA E PERÍODO DE CONVIVÊNCIA
À LUZ DA LEI DA ALIENAÇÃO PARENTAL (12.318/10)
À LUZ DA LEI DA ALIENAÇÃO PARENTAL (12.318/10)
SER ADVOGADO
nós juristas, nós os advogados, não somos os instrumentos
mercenários dos interesses das partes. Temos uma alta magistratura, tão elevada
quanto aos que vestem as togas, presidindo os tribunais; somos os auxiliares
naturais e legais da justiça; e, pela minha parte, sempre que diante de mim se
levanta uma consulta, se formula um caso jurídico, eu o encaro sempre como se
fosse um magistrado a quem se propusesse resolver o direito litigiado entre
partes. Por isso, não corro da responsabilidade senão quando a minha
consciência a repele (Rui Barbosa)
ALIENAÇÃO PARENTAL
Lei 12.318 de 26 de agosto de 2010 (publicada em 27/08/10)
Conceito:
Art. 2o Considera-se ato de alienação parental a
interferência na formação psicológica da criança ou do adolescente promovida ou
induzida por um dos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou
adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor
ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este.
IDENTIFICAÇÃO
Art. 2o (Lei 12.318/10).
I - realizar campanha de desqualificação da conduta do
genitor no exercício da paternidade ou maternidade;
II - dificultar o exercício da autoridade parental;
III - dificultar contato de criança ou adolescente com
genitor;
IV - dificultar o exercício do direito regulamentado de convivência
familiar;
V - omitir deliberadamente a genitor informações pessoais
relevantes sobre a criança ou adolescente, inclusive escolares, médicas e
alterações de endereço;
VI - apresentar falsa denúncia contra genitor, contra
familiares deste ou contra avós, para obstar ou dificultar a convivência deles
com a criança ou adolescente;
VII - mudar o domicílio para local distante, sem
justificativa, visando a dificultar a convivência da criança ou adolescente com
o outro genitor, com familiares deste ou com avós.
OUTROS “AVISOS” – indícios...
Recursos excessivos
Suspeição do juiz, promotor, perito, etc.
Criar obstáculos na realização das perícias – falta, não
pagamento das custas, etc.
Prazer na existência do dano ao invés de evitar ou reconhecer
que o mesmo não existe ou existiu.
ASPECTOS PROCESSUAIS
-Ação autônoma, em dependência ou vinculada a outras ações
-Direito de ação extendido ao MP e ao Magistrado
-Comunicação (advertência) ao alienador
-Fixação de perícia “especializada”
-Sanções ao alienador
SANÇÕES DO ALIENADOR
-Ação autônoma, em dependência ou vinculada a outras ações
-Direito de ação extendido ao MP e ao Magistrado
-Comunicação (advertência) ao alienador
-Fixação de perícia “especializada”
-Sanções ao alienador
MODIFICAÇÕES DA GUARDA
Art. 7o A atribuição ou alteração da guarda dar-se-á
por preferência ao genitor que viabiliza a efetiva convivência da criança ou
adolescente com o outro genitor nas hipóteses em que seja inviável a guarda
compartilhada.
COLISÃO DE NORMA E REALIDADE
Jurisprudência dominante:
[...]
transferi-lo para a guarda materna seria comprometer o bem-estar da criança,
visto que a mudança poderia ser benéfica ou não. Assim, não se mostra
aconselhável a modificação de guarda, que implica em radical alteração na vida
pessoal do menor (TJMG. AC 000.299.233-7/00. Relator Pedro Henriques. DJ
15.08.2003).
Art. 6o (Lei 12. 318/10).
V - determinar a alteração da guarda para guarda
compartilhada ou sua inversão;
SUGESTÃO..
MAJORAÇÃO DO PERÍODO DE CONVIVÊNCIA
COLOCAÇÃO DA CRIANÇA EM LAR PROVISÓRIO – AVÓS, TIOS ou
PADRINHOS
TRANSIÇÃO....
PERÍCIA COM AUXILIO
PROVA. Perícia. Estudos técnicos de caráter social e
psicológico. Trabalhos realizados por assistente social e psicóloga do juízo.
Operações sujeitas ao regime das perícias. [...]. Aplicação do art. 435 do CPC.
Constituem autênticas perícias os trabalhos típicos de assistente social e de
psicólogo, como meios instrutórios destinados a prover o juiz das regras
técnicas que lhe fogem à preparação jurídica, [...]. Aplica-se, por
conseguinte, o art. 435 do Código de Processo Civil.” (TJSP, AI. nº
222.788-4/9-00. Rel. Des. Theodoro Guimarães, J. Roberto Bredan e Osvaldo
Caron).
AGRAVO DE INSTRUMENTO – AÇÃO CAUTELAR INOMINADA C/C ALIMENTOS
– DETERMINAÇÃO DE ESTUDO SOCIAL PARA DEFINIÇÃO DE GUARDA – PLEITO DE PERÍCIA SOCIAL COM A INDICAÇÃO DE
ASSISTENTES – PRETENSÃO REJEITADA – TEMÁTICA RELEVANTE - NECESSIDADE DE
CONFECÇÃO DE UMA PEÇA QUE POSSIBILITE UM POSICIONAMENTO TÉCNICO AMPARADO POR
NORMAS PROCESSUAIS DE SALVAGUARDA DOS
LITIGANTES – RECURSO PROVIDO.
Apenas a perícia permite aliar o conhecimento técnico às
garantias processuais, entre elas o contraditório (art. 5º, LV, da CF/88), a
declaração de impedimento e a argüição de suspeição (arts 134, 135 e 138, III
do CPC) (AI n. 02.025189-0. TJSC. Relator: Des. Orli Rodrigues).
CONVIVÊNCIA GARANTIDA
Art. 4º. [...]
Parágrafo único - Assegurar-se-á à criança ou adolescente e
ao genitor garantia mínima de visitação assistida, ressalvados os casos em que
há iminente risco de prejuízo à integridade física ou psicológica da criança ou
do adolescente, atestado por profissional eventualmente designado pelo juiz
para acompanhamento das visitas
Art. 6º. [...]
II - ampliar o regime de convivência familiar em favor do
genitor alienado;
RESPONSABIIDADE PARENTAL
Art. 73 (ECA). a inobservância das normas de prevenção
importará em responsabilidade da pessoa física ou jurídica, nos termos desta
Lei
Art. 927 (CC). Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187),
causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo
ABANDONO AFETIVO-SJMG
Indenização danos morais. Relação paterno-filial. Princípio
da dignidade da pessoa humana. Princípio da afetividade. A dor sofrida pelo
filho, em virtude do abandono paterno, que o privou do direito à convivência,
ao amparo afetivo, moral e psíquico, deve ser indenizável, com fulcro no
princípio da dignidade da pessoa humana. [...] A responsabilidade (pelo filho)
não se pauta tão-somente no dever de alimentar, mas se insere no dever de
possibilitar desenvolvimento humano dos filhos, baseado no princípio da
dignidade da pessoa humana” (TJMG, Apelação Civil 408.550.504, Rel. Des. Unias
Silva)
ABANONO AFETIVO-STJ
Responsabilidade civil. Abandono moral. Reparação. Danos
morais. Impossibilidade. [...] Não cabe ao Judiciário condenar alguém ao
pagamento de indenização por desamor” (REsp 757.411/MG (2005/0085464-3), Rel.
Min. Fernando Gonçalves, DJ 27.03.2006)
ABUSO AFETIVO
Art. 3o A prática de ato de alienação parental fere
direito fundamental da criança ou do adolescente de convivência familiar
saudável, prejudica a realização de afeto nas relações com genitor e com o
grupo familiar, constitui abuso moral contra a criança ou o adolescente e
descumprimento dos deveres inerentes à autoridade parental ou decorrentes de
tutela ou guarda.
Art. 6o Caracterizados atos típicos de alienação
parental ou qualquer conduta que dificulte a convivência de criança ou
adolescente com genitor, em ação autônoma ou incidental, o juiz poderá,
cumulativamente ou não, sem prejuízo da decorrente responsabilidade civil ou
criminal e da ampla utilização de instrumentos processuais aptos a inibir ou
atenuar seus efeitos, segundo a gravidade do caso:
O menor, em fase de desenvolvimento físico e psicológico,
encontra-se em situação de total dependência afetiva e material dos pais, que,
por lei, devem cumprir essas obrigações, mas, quando não o fazem, torna-se
possível a imposição de indenização, visto que a obrigação do afeto é essencial
ao desenvolvimento da criança e do adolescente (FREITAS, Douglas. Alienação
Parental. Forense: 2010).
DINHEIRO x MEDIAÇÃO FAMILIAR?
TERAPIA INDIVIDUAL/GRUPO
RUPTURA DA RELAÇÃO FUTURA!?
INDENIZAÇÃO PAGA PELO ALIENADOR
Com o advento da Lei da Alienação Parental, a fixação de
danos morais decorrentes do “Abuso Moral” ou “Abuso Afetivo”, advindos da
prática alienatória, se tornará, certamente, consenso na doutrina e nos
tribunais, permitindo, tanto ao menor como ao genitor alienado, o direito de
tal pleito, pois não se trata de indenizar o desamor, mas de buscar a
compensação pela prática ilícita[1] (senão abusiva)[2] de atos de alienação
parental (FREITAS, Douglas P. Alienação Parental. Forense: 2010).
[1] Art. 186 do CC. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
[2] Art. 187 do CC.
Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede
manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela
boa-fé ou pelos bons costumes.
JURISPRUDÊNCIA
-DANO MORAL. CALÚNIA. ACUSAÇÃO DE PRÁTICA DE CRIME SEXUAL
PELO AUTOR CONTRA SEUS FILHOS. REQUERIDA QUE ADMITE TER FEITO TAL AFIRMAÇÃO,
LEVANDO O FATO AO CONHECIMENTO DE TERCEIROS. AUSÊNCIA DE PROVAS DA VERACIDADE
DA IMPUTAÇÃO. OCORRÊNCIA DE ABALO MORAL. DEVER DE INDENIZAR. RECURSO
DESPROVIDO. (Recurso Cível Nº 71002402675, Terceira Turma Recursal Cível,
Turmas Recursais, Relator: Eugênio Facchini Neto, Julgado em 29/04/2010)
- Deve ser responsabilizado civilmente por danos morais
aquele que, por animosidade pessoal, imputa a outrem a prática de ato ilícito
sabidamente inexistente, com o inescondível propósito de provocar-lhe prejuízo
profissional e constrangimento social ao ofendido (TJSC. AC 2008046968-6. DJ
09/06/10).
O FIM DA ALIENAÇÃO PARENTAL
Quando a Alienação Parental surge, não quer dizer
necessariamente que há falta ou excesso de amor por parte genitor alienante em
relação ao menor.
É possível haver uma alienação parental recíproca, onde ambos
genitores são alienantes. Em ambos casos a maior vítima é o menor alienado.
A solução para a alienação parental é o amor... e quando os
genitores não conseguem administrar suas frustrações e angústias, permitindo o
bloqueio da amplitude deste nobre sentimento, poucos recursos cabiam ao
judiciário.
A Lei n. 12.318 que regulamenta a Alienação Parental, agora
apresenta importantes instrumentais para mudar esta triste realidade, que
parece não ter solução. Mas não há que se desistir, pois como já cantava Raul,
um sonho que se sonha só, é só um sonho, mas o sonho que se sonha junto, é
realidade....
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